segunda-feira, 27 de maio de 2024

O professor por Rogério Skaylab


O professor enquanto dava a sua aula reparou que os alunos não manifestavam nenhum interesse. Pra ele, a explicação daquele estado de coisas é que muitos, pela primeira vez, estavam entrando em contato com uma nova forma de raciocínio. (+)

O professor se viu então numa encruzilhada: ele poderia tentar adaptar sua linguagem a fim de que seus alunos pudessem fazer aquela travessia de uma forma menos espinhosa - encenar um espetáculo com os alunos, criar debates em sala de aula...; (+)

por outro lado, quanto mais ele criava alternativas para se aproximar do universo de seus pupilos, mais se afastava da matéria. As adaptações que viesse a fazer, a substituição de um léxico tão estranho por palavras mais acessíveis... o distanciavam cada vez mais da matéria. (+)

Mesmo com o risco de desistência por parte dos alunos, fez sua opção: não cedeu em nada. E a sala foi esvaziando. Pra maioria, era insuportável, incompreensível, "o professor era maluco". A sala de aula foi ficando vazia, cada vez mais vazia, até que não sobrou ninguém. (+)

Mesmo assim, sempre no mesmo horário, lá estava o professor. Lá fora, a revolução social explodia. Nessa ocasião, há quem o tenha visto explicando a matéria pra sala vazia. E ainda teria acrescentado: "completamente vazia".

Twiitado por Rogério Skaylab em https://twitter.com/rogerioskylab/status/1698921229846032737?t=bPjFu0BGNXwoi9vvJUsoNQ&s=19

quinta-feira, 2 de maio de 2024

O Lobo da Estepe do Hermann Hesse

 (Hermann Hesse:  O Lobo da Estepe Ed. Record, Rio de Janeiro, 1955.  215 págs.)

"E ainda que o resto do caminho até o ocaso fosse inteiramente desfigurado, o cerne desta vida fora nobre, tinha feição e estirpe, não girara em torno das moedas, mas em torno das estrelas."

Esse trecho do livro O Lobo da Estepe do Hermann Hesse, é um dos que mais me impactaram das leituras que fiz. Pra constar.